O “verdadeiro” e o “falso” da imagem

Um pequeno recorte do livro O Imaginário de Gilbert Durand, em que ele faz uma reflexão histórica sobre de como foi tratado as imagens dentro da concepção dialética, formada por Sócrates, Aristóteles e Platão, e depois endossada pelo cristianismo. Esta concepção levou o mundo ocidental a interpretar variados assuntos em torno de duas concepções, uma totalmente “verdadeira” ou outra totalmente “falsa”, daí a dificuldade de se tomar as imagens como objeto de estudo, já que fazer uma afirmação precisa acerca das imagens seja uma tarefa complicada.

“Lógico que, se uma dado da percepção ou a conclusão de um raciocínio considerar apenas as propostas ‘verdadeiras’, a imagem, que não pode ser reduzida a um argumento ‘verdadeiro’ ou ‘falso’ formal, passa a ser desvalorizada, incerta e ambígua, tornando-se impossível extrair pela sua percepção (sua ‘visão’) uma única proposta ‘verdadeira’ ou ‘falsa’ formal. A imaginação, portanto, muito antes de Malebranche, é suspeita de ser ‘a amante do erro e da falsidade’. A imagem pode se desenovelar dentro de uma descrição infinita e uma contemplação inesgotável. Incapaz de permanecer bloqueada no enunciado claro de uma silogismo, ela propõe uma ‘realidade velada’ enquanto a lógica aristotélica exige ‘claridade e diferença”. (p.10)

Fonte:

DURAND, Gilbert. O Imaginário. Ensaios acerca das ciênscias e da filosofia da imagem. Coleção enfoques filosofia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Difel. 2004.

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